Uberlândia vive hoje um boom de ciclistas — mas a infraestrutura cicloviária não acompanha esse crescimento. Ciclovias e ciclofaixas existem, mas estão espalhadas e sem conexão. Essa fragmentação gera insegurança, baixo uso em trechos críticos e desestímulo ao modal. Por isso, em 2024, nasceu uma ferramenta essencial: o Mapa Online de Ciclovias de Uberlândia, idealizado e produzido por Frank Barroso, bacharel em Geografia.
O problema da malha cicloviária fragmentada
- Ciclovias isoladas
Em vários bairros, ciclovias de alta qualidade param no meio do caminho. O ciclista se vê forçado a disputar espaço com carros em ruas sem estrutura. - Ciclofaixas temporárias
Alguns trechos têm pintura no asfalto, mas sem elevação ou separação física. Isso dificulta a convivência com o tráfego e gera conflitos de uso. - Falta de rotas contínuas
Sem um traçado integrado, o ciclista precisa planejar trajetos complexos, alternando entre calçadas, ruas e áreas rurais. A consequência são deslocamentos mais lentos, arriscados e desconfortáveis. - Baixa visibilidade para planejadores
Sem um registro consolidado das rotas existentes, torna-se difícil para o poder público priorizar intervenções e investimentos onde mais se precisa.
O Mapa Online: diagnóstico e planejamento
Para preencher essa lacuna, Frank Barroso uniu sua formação em Geografia à experiência de pesquisador em mobilidade urbana pelo modal bicicleta, coordenador do Movimento Cidade Futura e presidente da Associação dos Ciclistas de Uberlândia.
- Visita de campo
Barroso percorreu cada quilômetro de ciclovia e ciclofaixa existente. Anotou as larguras, qualidades do piso, tipo de segregação e pontos de encontro com vias de automóveis. - Diagnóstico detalhado
Com GPS e checklist em mãos, avaliou o estado de conservação, sinalização e continuidade de cada trecho. Identificou gargalos, trechos interrompidos e áreas sem cobertura cicloviária. - Mapeamento digital
Em seguida, cadastrou os dados em uma plataforma web de fácil acesso. O resultado é um mapa interativo, onde o usuário vê todas as ciclovias, ciclofaixas e vias compartilhadas. - Ferramenta colaborativa
O mapa permite que ciclistas enviem sugestões de correção, reportem falhas e proponham novas rotas. Assim, a própria comunidade contribui para manter as informações sempre atualizadas.
Como usar o Mapa Online
- Planejamento de rotas
Escolha o ponto de partida e de chegada. O sistema indica trajetos seguros, priorizando ciclovias contínuas. - Identificação de pontos críticos
Veja onde faltam conexões ou onde a estrutura cai em vias de alto tráfego. Com esses dados, você pode enviar pedidos formais de melhoria às autoridades. - Mobilização comunitária
Grupos de bairro podem imprimir mapas regionais e apresentar propostas de extensão de ciclovias em audiências públicas. - Dados para pesquisadores
Universitários e órgãos de planejamento acessam estatísticas sobre quilômetros de ciclovia por região, tipos de infraestrutura e condições gerais.
Impactos e perspectivas
- Aumento da segurança: ao permitir que ciclistas evitem trechos perigosos, reduz-se o risco de acidentes.
- Valorização do modal: dados objetivos comprovam a carência de ciclovias e embasam solicitações de novos investimentos.
- Empoderamento do ciclista: a plataforma ajuda o usuário a decidir por rotas mais confortáveis e rápidas.
- Planejamento urbano integrado: o mapa já atraiu o interesse da Secretaria de Transporte para criar um plano diretor cicloviário.
Próximos passos
- Atualização contínua: incentivar a comunidade a reportar mudanças.
- Integração com apps: incorporar o mapa a aplicativos de navegação populares.
- Projetos de extensão: usar o diagnóstico para elaborar propostas de extensão de ciclovias.
- Parcerias público-privadas: buscar apoio de empresas locais para financiar melhorias.
A malha cicloviária fragmentada de Uberlândia é hoje um dos maiores empecilhos para a expansão do uso da bicicleta. Com o Mapa Online de Frank Barroso, a cidade dá o primeiro passo rumo a uma rede contínua e segura. Agora, cabe a ciclistas, técnicos e gestores usarem essa ferramenta para priorizar ações, conectar trechos e consolidar a bicicleta como solução de mobilidade urbana.